segunda-feira, outubro 15, 2012

Conta com meu conto - Madrugada


Conta com meu conto - Madrugada 
por Rapha Silva

Era altas horas da madrugada, sob os lençóis o suor mastigava minha pele deixando-a grudenta, a geladeira vazia perante uma fome persistente que se transformou em insônia. Carnívoro precisava sair da jaula para caçar, transitar por ruas sem pedir licença. Insosso, perdido por uma solidão dentro de uma metrópole vazia, camuflada pela beleza e longe do caos diário dirigi por uma noite silenciosa, um purgatório sexy de almas desinibidas.

A última parada, posto de conveniência, explorado por 24 horas. A porta convidativa é aberta automaticamente, pelos corredores nada parecia interessar. Atrás do balcão algo que parecia ser uma boa comida. Calças acima do tamanho, blusão faltando um botão deixava o soutien amostra, cabelos presos por um coque. Aos passos caminhei até essa moça de rosto largo e envergadura mediana. Comprei chicletes e um malboro filtro vermelho.

Com as mãos estendidas em forma de concha devolvia as poucas moedas como troco. Os olhos pareciam se conhecer de algum lugar, desprendidos, conversavam paralelamente.

Diante de um súbito tesão atravessei o balcão. Ela a me olhar, não teceu uma palavra. Com seu rosto em minhas mãos acariciei sua testa com o polegar, para depois engolir seus lábios com minha boca. Coloquei seu corpo pequeno perante um freezer de picolés Nestlé arrancando a parte de baixo do seu uniforme sussurrando meu gozo ao pé do seu ouvido, enquanto ela apertava minha nuca seu corpo tremia anunciando o prazer.

Não trocamos telefones, nomes ou palavras. Entrei no meu carro sem olhar para trás. Após um último trago amanheci em uma segunda-feira.

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