O fetiche do oitavo andar - por Rapha Silva
Com horário marcado a vida se repetia diariamente através de novelas, jantares, viagens, compras, diálogos e notícias. Metódica, a dupla utilizava o anonimato da rede para destilar seus comentários segregados sob uma sociedade que considerava preguiçosa e burra.
Expoente advogada, Deise trabalhava em um escritório renomado com receitas em torno de R$ 10 milhões e mais de 500 processos em carteira oriundos de empresas prestadoras de serviço do Estado. Peixoto comandava sua própria empresa, e entre seus principais feitos estavam às obras de todas as creches públicas e condomínios residenciais de programas sociais da capital carioca.
As mãos acariciavam os cabelos, deslizava pelo pescoço em direção aos seios, seguia pela lateral da costela, dando voltas com o polegar pelo umbigo, até escorregar serenamente e estacionar na vagina. A transa corria como de costume e o ritual seguia sua procissão até que.
– Vou-te vandalizar todinha – sussurrou Peixoto.
Deise até então estática, ameaçou um sorriso no canto do rosto e disparou ao pé do ouvido do Peixotão.
– Quero ter a minha instituição invadida e minha vidraça estilhaçada pelo seu coquetel molotov.
Com os dentes trincados, Peixoto dispara dois tapas na cara de sua amada e amarra sua camisa lacoste no rosto, deixando apenas os olhos amostra.
Em posição de cachorrinho a advogada tem seus direitos cerceados e sua liberdade castrada. Aos espamos grita. – OAB, OAB, OAB –.
Um barulho é ouvido na sala. Passadas pesadas, muitos passos.
De roupão com suas iniciais desenhada no peito, Peixoto caminha até a sala e se depara com aproximadamente seis homens armados.
– Dr. Peixoto – Pergunta o homem com um pedaço de papel nas mãos.
Incrédulo e ainda com o pau em riste, Peixoto não segura a respiração e goza sobre o roupão feito com algodão indiano.
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