O fetiche do oitavo andar - por Rapha Silva
As mãos acariciavam os cabelos, deslizava pelo pescoço em direção aos seios, seguia pela lateral da costela, dando voltas com o polegar pelo umbigo, até escorregar serenamente e estacionar na vagina. As carícias faziam parte da rotina da advogada Deise Amaral e do engenheiro Carlos Peixoto. O casal acomodado no oitavo andar de um espaçoso apartamento no Leblon, mantinha entre seus hábitos fazer sexo depois de assistir ao programa dominical exibido no horário noturno por uma emissora de televisão brasileira.
Com horário marcado a vida se repetia diariamente através de novelas, jantares, viagens, compras, diálogos e notícias. Metódica, a dupla utilizava o anonimato da rede para destilar seus comentários segregados sob uma sociedade que considerava preguiçosa e burra.